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sábado, 20 de dezembro de 2014

Mortalidade e Idade: porque as TBM são maiores em populações mais velhas?

-- Mortalidade e Idade

A idade é a característica mais importante quando se pensa no mecanismo que rege a mortalidade. Assim, antes de comparar a experiência de mortalidade de duas populações distintas, deve-se levar em consideração diferenças na estrutura etária, ou seja como a população é distribuída nas diferentes idades. 

Morton, em seu livro sobre Epidemiologia, descreve que, em 1981, a TBM da Flórida, Estados Unidos, foi de 10,9 óbitos por mil ao passo que, no Alasca, foi de 4,4 óbitos por mil. A diferença de 6,0 óbitos a cada mil habitantes entre as duas taxas é explicada pela população envelhecida da Flórida, em relação à população jovem do Alasca. A comparação da mortalidade entre a Flórida e o Alasca é confundida (afetada) pela estrutura etária das duas populações.
  

--Taxas Específicas de Mortalidade por Idade.


Dado o profundo efeito da idade na mortalidade, torna-se necessário construir taxas de mortalidade para cada grupo etário e utilizar essas taxas para comparação dos riscos de morte. Mais um exemplo proposto por Morton: TBM e as taxas específicas de mortalidade por idade da cidade de Baltimore em 1972. Observa-se um paradoxo. Os brancos em Baltimore experimentam maior TBM do que os negros – 15,2 e 9,8 óbitos por mil, respectivamente. Por outro lado, os negros experimentam taxas específicas por idade maiores em todos os grupos etários. O que explica essa contradição? A distribuição etária é a resposta. A população de Baltimore é composta por brancos velhos e negros jovens!


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Medidas de mortalidade: Taxa Bruta de Mortalidade.




Números de mortos e taxas de mortalidade tem sido usadas por séculos para mensurar (indiretamente) a carga das doenças nas populações e comparar impactos das doenças. Isso porque a doença está muito associada à morte. A Taxa Bruta de Mortalidade (TBM) ou Coeficiente de Mortalidade Geral (CMG) indica o número de óbitos em uma localidade por mil pessoas (usualmente se utiliza a população no meio do ano como uma estimativa do número de pessoas expostas em todo o ano, pela impossibilidade de contar o tempo de exposição de cada pessoa).


Observe a evolução da TBM no Brasil:

http://brasilemsintese.ibge.gov.br/populacao/taxas-brutas-de-mortalidadehttp://brasilemsintese.ibge.gov.br/populacao/taxas-brutas-de-mortalidade


Populações mais velhas, usualmente, tem TBMs maiores do que populações com populações mais jovens. Isso ocorre porque em populações mais velhas, mesmo se o sistema de saúde e a qualidade de vida forem favoráveis, morre-se necessariamente mais rapidamente a cada unidade de tempo. 

Por isso, a TBM não é adequada para se comparar níveis de mortalidade entre os países, ou seja, não podemos comparar riscos de mortalidade em cada idade com a TBM.


sábado, 13 de dezembro de 2014

Um (1) exercício resolvido sobre prevalência: o que aumenta a prevalência de uma doença?

Questão com base em http://www.misodor.com/SIM4.html

Que fator, dentre dos propostos abaixo, aumenta a prevalência de qualquer doença?

a) diminuição da incidência
b) diminuição da letalidade
c) aumento do sucesso terapêutico
d) redução da expectativa de vida dos pacientes
e) emigração dos doentes

Comentário

Sabemos que a prevalência corresponde ao número de casos novos e antigos de uma determinada doença, pensando apenas no numerador (número e casos existentes).

As opções que poderiam aumentar a prevalência são: qualquer tratamento que aumente a sobrevida de pacientes com doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial (aumento dos casos antigos, em tratamento que são vistos em cada momento do tempo - eles deixam de morrer); aumento da incidência (numerador da taxa de incidência, correspondendo ao aumento dos casos novos); insucesso terapêutico (mais pacientes doentes que não ficariam curados e permaneceriam doentes); imigração de pacientes doentes; aumento da expectativa de vida dos doentes (ou seja, o tempo de vida esperado dos doentes); diminuição da letalidade (menos morte pela doença, mais doentes vivos, ou seja, menos capacidade da doença de levar ao óbito).

Com exceção da letra B, todas as outras afirmativas diminuem a prevalência. RESPOSTA B

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Três (3) questões abordando prevalência pontual e prevalência de período

Questões:


(1) Em um prédio de moradia estudantil, em 01/01/2010 havia 400 estudantes. Em uma pesquisa realizada na data mencionada, observou-se que 20 estudantes estavam doentes por influenza. Qual a medida pertinente para mensurar a magnitude deste evento?

Resposta: A prevalência pontual é a mais adequada. Faz-se o cálculo: (20 casos/400 estudantes) = 5 casos por 100 estudantes (5%).

(2) Nesse mesmo prédio, os mesmos estudantes ali permaneceram por todo o ano. Em 31/12/2010, havia 1 pessoa com influenza. Ao longo do ano houve 20 novos casos. Pergunta-se: qual a prevalência de período no ano de 2010?

Resposta: A prevalência de período equivale aos 20 casos do início do ano além dos 20 casos novos ao longo do ano (40/400) = 40/400 = 10 casos por 100 pessoas (10%)


(2.1) Pergunta-se: qual a prevalência pontual em 31/12/2010?

Resposta: 1/400 = 0,25%

Fonte: exercício formulado com base em: http://www.iesc.ufrj.br/cursos/epigrad/int_epidemio/Alunos/2.Medidas_FrequenciaI_2011_2p.pdf 


(3) Uma fábrica de cerâmica realiza, através do serviço de saúde do trabalhador, um “check-up” dos empregados a cada 5 anos de atuação na empresa. A avaliação dos resultados durante 10 anos de implantação dessa rotina revelou que, dos 500 empregados examinados ao Raio X, 100 tinham lesões suspeitas de silicose. A medida acima se trata de um coeficiente de:


Resposta: letra B

a)incidência. b)prevalência. c)letalidade. d)tendência.


(3.1) A medida é de prevalência pontual ou de período?

Resposta: Prevalência de período ao final de 10 anos.

Fonte: exercício baseado em: http://www.grupoidealbr.com.br/admin/upload_material/questoesepidemio_150414.pdf

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Mais oito (08) exercícios com respostas comentadas: Incidência e Prevalência

Questões 1 a 3

Em um povoado de 500 habitantes houve uma epidemia de dengue. A investigação epidemiológica relatou a ocorrência de 200 casos sintomáticos e 140 pessoas que não estavam ou estiveram doentes, mas apresentaram títulos elevados de anticorpos específicos e ainda 160 indivíduos não infectados. Responda às questões:

(1) a incidência da infecção foi: 
a) 28%
b) 32% 
c) 40% 
d) 68% 
e) N.R.A
Resposta 
efetue da seguinte forma: (200+140) são todos com infecção; 500 são todos os expostos; 340/500 = 0,68

(2) a incidência da doença foi: 
a) 28%
b) 32% 
c) 40% 
d) 68% 
e) N.R.A
Resposta 
dentre aqueles com infecção (200+140), 200 têm sinais e sintomas; 500 são todos os expostos; 200/500 = 0,40

(3) Entre os infectados a participação dos assintomáticos foi:
a) 28,0% 
b) 41,2% 
c) 70,0% 
d) 87,5 
e) N.R.A
Resposta 
estamos efetuando o cálculo de uma proporção. Dos infectados (340), há 140 assintomáticos. 140/340 = 0,412 (41,2%)

(4) A prevalência de uma doença pode ser aproximadamente igual à: 
a) soma das taxas de incidência anual da doença
b) incidência acumulada da doença menos a mortalidade do último ano
c) incidência anual da doença dividida pela duração média da doença
d) incidência anual da doença multiplicada pela duração média da doença
e) incidência anual da doença no último ano menos as mortes e os casos curados no ano corrente
Resposta 
resumidamente: a letra a) está errada porque exclui casos dos anos anteriores que estão vivos; a letra b) não inclui casos dos anos anteriores que estão vivos; a letra c) é incorreta porque d) é a correta; e) exclui casos curados.

(5) As linhas pontilhadas são linhas de vida. Os tempos estão marcados em ti, onde i varia de 0 a 5 e é medido em anos. Para os 3 indivíduos na sequência, qual o tempo vivido por todos eles a partir de t0 (+ corresponde ao óbito e * corresponde ao final de um ano)? Calcule ainda o tempo médio vivido pelos 3 indivíduos.


-------------+
---------------------------+
------+

------*------*------*------*
t0    t1     t2     t3      t4


Resposta 
O primeiro indivíduo viveu 2 anos. O segundo viveu 4 anos. O terceiro viveu um ano. Ao todo, os três indivíduos viveram em seu conjunto, (2+4+1) anos, perfazendo um total de 7 anos, ou seja, a média foi igual a 2,33 anos (7/3). Podemos dizer ,também, que houve um total de 7 anos vividos em 4 anos de exposição.

(6) Com dados do exercício anterior, calcule a incidência acumulada de óbitos em 4 anos e a densidade de incidência de óbitos no mesmo período.
Resposta 
Incidência acumulada em 4 anos: 3/3=100% (é intuitivo: todos morreram)
Densidade de incidência: 3 óbitos e 7 pessoas anos em 4 anos, equivalendo, em um ano, em média a 0,42 óbito por pessoa ano (3 óbitos/7 pessoas-anos).

(7) Em uma área, foram notificados cerca de 120 casos novos de tuberculose, em 2010. Outras 1200 pessoas estavam em tratamento e, ao longo do mesmo ano, foram
observadas 50 curas e 30 óbitos relacionados ao problema. Considerando esses dados, é correto afirmar que
(A) a incidência da tuberculose, ao final do ano de 2010, foi de cerca de 1320 casos.
(B) a prevalência pontual da tuberculose, ao final do ano de 2010, foi de cerca de 1320 casos.
(C) a letalidade da tuberculose foi de 1200 casos, em um período anterior a 2010.
(D) a prevalência pontual da tuberculose, no final de 2010, era de 1240 casos.
(E) a prevalência da tuberculose não sofreu alteração ao longo do ano. 
Resposta 
120+1200-(50+30) = 1240. A prevalência é o estoque + incidência - óbitos - curas. Basta lembrar do que aumenta a prevalência.
Fonte:https://site.pciconcursos.com.br/provas/17580475/80d523354a29/enfermeiro_epidemiologista.pdf

(8) Em epidemiologia clínica, o indicador de saúde que nos permite conhecer a relação entre o número de casos de uma determinada doença, novos e já existentes, e a população exposta a adoecer, denomina-se coeficiente de:
(A) Incidência.
(B) Letalidade.
(C) Morbidade.
(D) Mortalidade.
(E) Expectativa de vida.
Resposta 
A melhor seria prevalência. Como não está constando, a claramente não incorreta é morbidade. Fonte:http://rotadosconcursos.com.br/questoes-de-concursos/vigilancia-sanitaria-politica-de-saude-servico-unico-de-saude-sus-vigilancia-epidemiologica/730949

Dezessete (17) questões com soluções sobre incidência e prevalência



(1) A taxa de incidência e a taxa de prevalência são representadas por: um numerador x, um denominador y, multiplicado por 10n, para um período de tempo específico. A diferença fundamental entre as duas taxas está:
A) em x
B) em y.
C) em 10n.
D) no período de tempo específico.
Fonte: FUMARC / 2006 / Prefeitura de Belo Horizonte / Dentista - Área Cirurgião Dentista Epidemiologia

(2) O exame clínico inicial de uma população de uma cidade de porte médio de Minas Gerais detectou hipertensão arterial em 5/1.000 homens entre 30 - 35 anos e 10/1.000 mulheres, também entre 30 - 35 anos. A inferência de que mulheres têm risco de hipertensão duas vezes mais elevado que homens nessa faixa etária é:

A) correta.
B) incorreta, porque o efeito de coorte da idade não foi considerado.
C) incorreta, porque não é possível distinguir entre incidência e prevalência.
D) incorreta, porque não existem informações com relação ao grupo controle ou de comparação.
Fonte: FUMARC / 2006 / Prefeitura de Belo Horizonte / Dentista - Área Cirurgião Dentista Epidemiologia /  
Comentário: a detecção é de uma doença (hipertensão) pré-existente, não sendo, então, um caso novo no período específico. não se pode inferir risco, pois não se trata de incidência e sim de prevalência.

(3) Considerando os níveis de hipertensão arterial primária em um determinado município de Mato Grosso, qual dos indicadores abaixo é o mais indicado para a implementação de medidas de controle e tratamento:
a) Incidência            
b) Expectativa de vida
c) Prevalência
d) Letalidade
e) Índice de Nelson Moraes.
Fonte:http://www.misodor.com/2005PROVA.html
Comentário: a hipertensão é uma doença crônica, de longa duração. Ademais, seu início pode ser de data incerta para o médico e para o paciente (dificuldade de identificar incidência no tempo certo).

(4) Marque V para os itens que constituem exemplos de coeficientes de prevalência e F para os que não constituem.
( ) Número de episódios de amigdalite de um indivíduo por ano.
( ) Número de casos novos de câncer de fígado por ano para cada 100.000 habitantes.
( ) Número de casos de diabetes em um município.
( ) Número total de esclerose múltipla por 100.000 habitantes por ano.
Assinale a sequência correta.
[A] F, F, V, V
[B] V, F, F, V
[C] F, V, F, F
[D] V, V, F, F
[E] F, F, F, V
Fonte: http://www.misodor.com/REVAL2010.php
Comentário: acho que falta no terceiro item a palavra novos: casos novos de diabetes. Sem o 'novos' fica confuso. De todo modo, não houve anulação da questão.

(5) Em um hospital, o enfermeiro, ao analisar a frequência de ocorrência de novos acidentes de trabalho em um ano, está considerando uma medida epidemiológica de
A) prevalência 
B) incidência 
C) razão
D) risco
E) padronização
Fonte:/2014/Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca/Enfermeiro/  
Comentário: a palavra 'novos' é muito sugestiva de incidência.

(6) Um estudo que pretende seguir um grupo de 100 pessoas por 1 ano, no início da pesquisa, identifica que 10 pessoas tem hipertensão arterial sistêmica (HAS). Ao final de 1 ano de seguimento, 9 pessoas desenvolvem HAS. Qual a prevalência pontual no início do estudo? Qual a incidência acumulada? 
Resposta: a prevalência pontual é 10/100. Como a HAS não tem cura, a incidência acumulada é 9/(100-10). Repare que os resultados são iguais, mas os conceitos são diferentes.

Fonte: http://www.minsaude.gov.cv/index.php/sua-saude/hipertensao-arterial

(7) Certo ou errado? Uma forma correta para se analisar o impacto da hipertensão arterial em uma comunidade seria calcular o coeficiente de incidência da doença, o coeficiente de mortalidade por causas consequentes a hipertensão e o coeficiente de prevalência de sequelas cerebrovasculares típicas da evolução dessa patologia.

C) Certo 
E) Errado
Fonte: CESPE / 2011 / Secretaria de Estado da Saúde / Médico - Área Epidemiologista /
Comentário: a incidência da hipertensão é muito mais difícil de se determinar do que a prevalência, por ser uma doença crônica de desenvolvimento lento; os demais coeficientes não fazem muito sentido pois é preciso esperar a doença progredir para que se conheça as magnitudes das medidas propostas. É muito mais fácil conhecer a prevalência da hipertensão arterial na população para saber seu impacto na população e planejar os cuidados necessários àquela população

(8) Certo ou errado? O coeficiente de incidência de dengue no Brasil, 2002, foi 398/100.000. Assim, em 100.000 residentes no Brasil, 398 tiveram risco de adoecer de dengue no ano de 2002.
C) Certo 
E) Errado
Fonte: Baseado em CESPE / 2011 / Secretaria de Estado da Saúde / Médico - Área Epidemiologista
Comentário: questão simples e direta sobre interpretação da incidência. Incidência é a medida do risco.

(9) Se o número de casos incidentes de uma doença foi de 8 em 8 anos de estudo, e trata-se de uma coorte fechada de 3000 pessoas e todos os casos ocorreram quando o estudo fez aniversário de quatro anos, ao final de oito anos (não houve óbitos no período do estudo), qual a taxa de incidência da doença ao ano? Supondo que a doença é crônica e não tem cura, qual a prevalência ao final do estudo? Resposta: 
Taxa de incidência:
Cálculo de pessoas tempo de exposição: ( 3000 X 4 + 2992 X 4 )
Numerador ao longo de oito anos: 8 casos
Taxa de incidência = 8/(12000+11968) = 8/23968 = 0,33 caso por 1000 pessoas-anos de exposição
Prevalência: 
8/3000 = 0,27%

(10) Se o Bairro 'Maria da Paz' e o bairro 'Maria da Fé' tem respectivamente, 34 e 200 casos novos de uma doença e, respectivamente, a população exposta no início de cada ano era de 50000 e 294118 pessoas, qual a taxa de incidência acumulada em cada bairro? Qual a maior taxa de incidência? Sabe-se que não houve imigração ou emigração no período.
Resposta: 
Taxa de incidência acumulada em 'Maria da Paz': 34/50000=0,00068 caso ao ano; 6,8 casos ao ano por 10.000 pessoas.
Taxa de incidência acumulada em 'Maria da Fé': 200/294118=0,00068 caso ao ano; 6,8 casos ao ano por 10.000 pessoas.
As taxas de incidência foram iguais.
Baseado: https://www.passeidireto.com/arquivo/3595171/exercicio-de-morbidade-com-gabarito


(11) Em 01/07/1980 havia 2000 casos de tuberculose em tratamento no município de Boa Sorte. Se, na data, a população era de 1.176.935 habitantes, calcule a medida apropriada e cite qual a medida calculada.
Resposta: 
Trata-se da medida de prevalência pontual, pois estamos calculando para o ano de 1980 (veja que a população é do meio do ano - estimativa do número de pessoas-anos para 1980, então) estamos com casos novos e antigos e não sabemos se todos os casos são de 1980. A medida é a seguinte: 2000/1.176.935 = 0,000169 caso prevalente por habitante-ano, ou seja, em Boa Sorte houve 1,69 caso prevalente por 1000 habitantes-ano, medido para 01/07/1980.


(12) No ano de 1992, foram detectados 473 casos novos de hanseníase nos serviços de saúde do Distrito Federal. No final daquele ano, um total de 2.563 estava em tratamento, incluindo os mais antigos e os casos novos do ano. Se a população for de 1,5 milhão de habitantes em 01/07/1992, calcule as medidas pertinentes.
Resposta:
Densidade de Incidência = 473/1.500.000 = 0,000315 ou 3/10.000 hab/ano.
Prevalência = 2.563/1.500.000 = 0,0017 ou 1,7/ 1.000 hab/ano

Questões 13 a 15
Em um povoado de 500 habitantes houve uma epidemia de dengue. A investigação epidemiológica relatou a ocorrência de 200 casos sintomáticos e 140 pessoas que não estavam ou estiveram doentes, mas apresentaram títulos elevados de anticorpos específicos e ainda 160 indivíduos não infectados. Responda às questões:

(13) a incidência da infecção foi: 
a) 28%
b) 32% 
c) 40% 
d) 68% 
e) N.R.A

(14) a incidência da doença foi: 
a) 28%
b) 32% 
c) 40% 
d) 68% 
e) N.R.A

(15) Entre os infectados a participação dos assintomáticos foi:
a) 28,0% 
b) 41,2% 
c) 70,0% 
d) 87,5 
e) N.R.A

(16) Se uma população tem 10.000 habitantes (que correspondem aos indivíduos em risco para uma dada doença) e, sabendo que o número de pessoas que tem a doença é de 500, a prevalência pontual em qualquer momento do ano é de 5%.Qual a prevalência em cinco anos se a população se mantiver estável e o número de casos em cinco anos for 1.000?
Resposta:
Se considerarmos que, durante 5 anos, a população em risco se mantém estável nos 10.000 e que o número de casos nesses 5 anos é de 1.000 , então a prevalência a 5 anos é de 10%.

(17) Com o controle adequado da glicemia dos diabéticos, a prevalência da doença:
a) diminui
b) não se modifica
c) aumenta
d) não pode ser avaliada
e) NDA
Resposta:
A doença não é curada pelo controle da glicemia, mas menos pessoas irão morrer decorrente de complicações do diabetes. A prevalência aumenta


Prevalência, Incidência e a relação entre os conceitos

Prevalência mede o número de pessoas em uma população que tem uma determinada doença em um dado ponto no tempo.

A prevalência, comparativamente à incidência, assim, não se refere ao número de novos casos medidos em um dado período.

A prevalência é uma proporção. O tempo do numerador da prevalência pode ser um período de tempo, como um ano, ou um ponto específico no tempo, como 1º de Janeiro de 1984. No primeiro caso, utiliza-se o termo prevalência de período ao passo que, no segundo, o termo mais adequado é prevalência pontual.

Incidência mensura o surgimento da doença; prevalência mede a existência da doença. Incidência significa novo e prevalência significa total e reflete um estoque. Incidência reflete unicamente a taxa de ocorrência da doença.

Uma mudança na incidência indica que houve uma mudança no equilíbrio dos fatores etiológicos, que pode ser alguma flutuação natural ou, possivelmente, a aplicação de um programa de prevenção efetivo. Incidência é de importância para o pesquisador que pretende entender a etiologia de uma doença.

Prevalência, entretanto, depende de dois fatores: a incidência e a duração da doença. Portanto, uma mudança na prevalência da doença pode refletir uma mudança na incidência, no resultado, ou em ambos. Por exemplo: 
  • Melhorias na terapia que impedem a morte mas que não levam à recuperação, podem levar a um aumento, aparentemente paradoxal, na prevalência da doença. 
  • Diminuição na prevalência pode resultar não somente de uma redução na incidência, mas também de um encurtamento da duração da doença, que pode ocorrer por meio de uma recuperação mais rápida ou de uma morte mais rápida. 
  • Se a duração da doença tiver redução suficiente, é possível que se observe redução na prevalência, mesmo com aumento na incidência. O nível de prevalência (todos os casos) aumenta com a incidência (novos casos) e reduz-se com a recuperação e morte.



Prevalência é, regra geral, o produto da incidência vezes a duração. A relação é mais aparente em doenças crônicas e estáveis. Nestes casos a incidência pode ser calculada quando a prevalência e a duração são conhecidas.


Prevalência é utilizada por planejadores de saúde porque mensura a necessidade de tratamento e leitos hospitalares e auxilia no planejamento de leitos e necessidades de pessoal. 

A prevalência pode ser determinada por uma única pesquisa.

Por outro lado, taxas de incidência são difíceis de medir. Uma população definida, inicialmente livre da doença em questão, deve ser acompanhada por um período de tempo, com o intuito de verificar a taxa de aparecimento de novos casos. 

Taxas de incidência são utilizadas para fazer inferências sobre a probabilidade ou risco da doença. 

Taxas de incidência da doença são comparadas entre subgrupos populacionais com diferentes exposições ou atributos com o intuito de medir a influência que tais fatores podem ter na ocorrência da doença.

fonte: http://books.google.com.br/books/about/A_Study_Guide_to_Epidemiology_and_Biosta.html?id=3seTvN7NFFUC&redir_esc=y 




domingo, 7 de dezembro de 2014

Três (3) exercícios utilizando o conceito de taxa de incidência


Questão 1 - Em duas indústrias, A e B, trabalharam durante o ano, em cada uma, 1000 operários; no ano de 2013 ocorreram:  

  • na indústria A, 20 casos de intoxicação aguda por produto químico;
  • na indústria B, foram 40 casos de intoxicação aguda pelo mesmo produto químico;
  • na indústria A: 50 operários trabalharam o ano todo; 450 trabalharam seis meses; 500 trabalharam três meses;
  • na indústria B: 1000 operários trabalharam o ano todo.
Pergunta-se: Em qual das duas indústrias foi maior a ocorrência de casos de intoxicação aguda?

Solução

  • Passo 1 - Calcular o número de trabalhadores expostos na indústria A durante o ano: (50 X 1) + (450 X 0,5) + (500 X 0,25) = 50+225+125 = 400 pessoas-anos na indústria A.
  • Passo 2 - Calcular o número de trabalhadores  expostos na indústria B durante o ano: (1000 X 1)= 1000 pessoas-anos na indústria B.
  • Passo 3 - Calcular a taxa de incidência da indústria A = 20/400 = 0,05 caso por trabalhador-ano ou 5 casos por 100 trabalhadores-ano.
  • Passo 4 - Repetir o passo 3 para a indústria B = 40/1000 = 0,04; equivale a 4 casos por trabalhadores-ano.


Resposta: A ocorrência, aqui medida pela taxa de incidência, foi maior na indústria A.



Questão 2 – Um pesquisador gostaria de saber quantos novos casos de sarampo ocorreram em uma escola no mês de abril de 2011. Houve 12 casos e havia 100 crianças naquele mês na escola, e nenhuma saiu da escola naquele mês. Qual a taxa de incidência?


Resposta: 12/100. 12 casos a cada 100 crianças é a taxa de incidência no mês de abril de 2011.



    Questão 3:

Durante um estudo de 20 anos 5 pessoas foram acompanhadas, desde o início do estudo, para mensurar a ocorrência de infecção do trato respiratório superior (ITRS). A infecção pode recorrer.

  • 1 pessoa foi perdida por acompanhamento 4 anos após o início do estudo.
  • 2 pessoas morreram depois de 8 e 17 anos, respectivamente, por causas diferentes da ITRS.
  • 1 pessoa teve a primeira ITRS depois de 4 anos e a segunda ITRS depois de 10 anos. A recuperação de ambas as infecções ocorreu em meio ano. O indivíduo foi acompanhado até o final do estudo.
  • 1 pessoa foi acompanhada por todo o período e não ficou doente.

Qual a taxa de incidência (densidade de incidência)?

(A) 0,06 caso por pessoa-ano
(B) 0,03 caso por pessoa-ano
(C) 0,15 caso por pessoa-ano
(D) 0,08 caso por pessoa-ano


Solução: 


denominador pessoa 1 = 4 anos de exposição
denominador pessoa 2 = 8 anos de exposição
denominador pessoa 3 = 17 anos de exposição
denominador pessoa 4 = 19 anos de exposição (20 - 0,5 - 0,5)
denominador pessoa 5 = 20 anos de exposição
total dos denominadores = 68 anos de exposição para 5 pessoas.

total do numerador = 2 casos

taxa de incidência = 2/68 = 0,029 -> 2 casos por pessoa-ano, usualmente dizemos 0,029 caso por pessoa-ano; letra B

sábado, 6 de dezembro de 2014

Uma (01) questão sobre pessoas-tempo: o denominador da taxa de incidência considera o tempo

Como podemos afirmar que a população que esteve exposta ao risco de câncer de próstata é igual a  13.963.745?

Sabemos que qualquer população em um ano pode mudar a cada mês, a cada semana, a cada dia, a cada hora! Pessoas nascem, morrem, migram...

Como chegamos, então, ao número  de 13.963.745 homens?

A primeira coisa é entender que esta população é considerada para um ano.

Para efeito didático, podemos formular um raciocínio: 


  1. Imagine que, no início do ano, havia 13.963.700 homens. 
  2. Estes homens permaneceram nesta população o tempo todo (1 ano). 
  3. 90 homens foram acrescidos à população da seguinte forma: todos mudaram-se para lá em 01/07 daquele ano e lá permaneceram até o final do ano.
  4. Por permanecerem a metade do ano, cada homem esteve exposto ao risco por 0,5 ano.
  5. No início do ano havia, então, 13.963.700 homens e ao final do ano havia 13.963.790 homens.
  6. 13.963.700 homens estiveram sob risco de câncer de próstata em todo o período considerado (1 ano).
  7. 90 homens estiveram sob risco de câncer de próstata em metade do período considerado (0,5 ano)
  8. O número de pessoas-anos de exposição ao risco é (13.963.700 homens) X (1 ano) + (90 homens) X (0,5 ano) = 13.963.745 homens ano.


Esse total de pessoas-ano equivale à população considerada no problema que aborda a incidência por câncer de próstata.

Observe que o denominador da taxa de incidência leva em consideração uma dimensão temporal: quanto maior a exposição, maior o número de pessoas-tempo.