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sábado, 4 de abril de 2015

Taxa de ataque - adaptado do livro de Leon Gordis (Epidemiology)

Quando estamos diante de um número grande de possibilidades de de agentes infeciosos, como o caso de surtos alimentares, o primeiro passo é comparar as taxas de ataque entre aqueles que comeram um dado alimento e não se alimentaram dele.


O exemplo que segue é retirado e adaptado do livro Epidemiology, de Leon Gordis, capítulo 2 e a referência se encontra ao final do texto.

Exemplo: 
314 presos selecionados ao acaso mostraram o seguinte comportamento no que se refere às taxas de ataque:

Tabela 1-a
Taxas de ataque específicas por itens consumidos.
1974, Presídio em Miami                                                       
Item consumido            Doentes      Total       taxa de ataque
Bebida                           179             264          67,8%
Sanduíche com ovos     176             226          77,9%             

veja: 264 presos consumiram bebidas, dos quais 179 ficaram doentes; 226 consumiram sanduíche com ovos dos quais 176 ficaram doentes.


Tabela 1-b
Taxas de ataque específicas por itens NÃO consumidos.
1974, Presídio em Miami                                                       
Item não consumido     Doentes      Total       taxa de ataque
Bebida                           22               50            44,0%
Sanduíche com ovos     27               73            37,0%            


veja: 50 presos não consumiram bebidas, dos quais 22 ficaram doentes; 73 não consumiram sanduíche com ovos dos quais 27 ficaram doentes.

Tabela 1-c
Diferenças de taxas de ataque específicas por itens.
1974, Presídio em Miami                                                       _______
Itens                      (taxa ataque consumiu-taxa ataque não consumiu)
Bebida                              (67,8-44,0) = 23,8
Sanduíche com ovos         (77,9-37,0) = 40,9                                      

Desconfiamos mais do sanduíche do que da bebida. Parece que a diferença maior (Tabela 1-c) indica maior probabilidade desse alimento estar implicado no surto. Se for possível, podemos observar a tabulação cruzada dos dois alimentos, comparando as taxas de ataque para quem comeu e não comeu o sanduíche, mas estratificando segundo o consumo da bebida. Perguntamos: será que o consumo da bebida altera as taxas de ataque daqueles que comeram sanduíche? Será que faz alguma diferença?

Vejamos:


Tabela 2-a
Análise: consumo de bebida para quem comeu sanduíche        
                            Sanduíche com ovos                                       
Bebida              Doente       Saudável     taxa de ataque              
Sim                   152            49                (152/152+49) = 75,6% 
Não                   12              3                  (12/12+3) = 80,0%      




Tabela 2-b
Análise: consumo de bebida para quem não comeu sanduíche
                            Sanduíche com ovos                                       
Bebida              Doente       Saudável     taxa de ataque              
Sim                   19               53                (19/19+53) = 26,4% 
Não                    7                21                (7/7+21) = 25,0%      


Não ter tomado a bebida faz pouca diferença (compare a última linha de cada tabela com a linha anterior e veja que as proporções são parecidas). Mas, ter comido sanduíche aumenta muito a taxa de ataque (compare as Tabelas 2-a e 2-b de uma forma geral).

O alimento claramente implicado no surto é o sanduíche.


Veja essa questão subsequente. A apresentação das tabelas é um pouco diferente, mas a ideia de tabulação cruzada para descobrir o alimento implicado no surto é a mesma.

_______________________________________________________________________________
A primeira tabela mostra o número total de pessoas que comeram cada um de dois alimentos especificados que foram possivelmente infectadas com o streptococcus grupo A. A segunda tabela mostra mostra o número de pessoas que tiveram dor de garganta, de acordo com a combinação de alimentos ingeridos.

Tabela 1
Número total de pessoas que que comeram cada
combinação específica
de alimentos
                                                       Salmão      Não Salmão
Comeu salada de maionese                 75               100
Não comeu Salada de maionese          200             50         


Tabela 2
Número total de pessoas que que comeram cada combinação específica de alimentos
e ficou doente depois                                                              
                                                          Salmão      Não Salmão
Comeu salada de maionese                 60                         75
Não comeu Salada de maionese          70                         15  


1 - Qual é a taxa de ataque em pessoas que comeram salada de maionese e salmão?

Resposta: 60/75 = 0,80 caso por pessoa que comeu ambos os alimentos

2- Quais itens (se mais de um) são os mais provavelmente envolvidos na contaminação?

Resposta: é adequado efetuar uma tabela com as taxas de ataque calculadas segundo todas as exposições possíveis

Tabela 3
Número total de pessoas que que comeram cada combinação específica de alimentos
e ficou doente depois                                                                      
Combinação de alimentos ingeridos                    taxa de ataque   
1.Sem salmão e sem salada de maionese              15/50 = 30%    
2.Com salmão e sem salada de maionese              70/200 = 35%    
3.Com salmão e com salada de maionese              60/75 =  80%      
4.Sem salmão e com salada de maionese               75/100 = 75% 

As maiores taxas ocorrem na presença de salada de maionese (80% e 75%, nas combinações 3 e 4) e, quando a salada de maionese não é ingerida as taxas de ataque caem muito (35% e 30%, nas combinações 1 e 2). Já quando presença de salmão é a única exposição afetada, contudo, altera-se pouco a magnitude das taxas de ataque - compare combinações 1 com 2; e 3 com 4 e veja como a presença ou não de salmão altera pouco as taxas


Fonte: http://www.amazon.com/Epidemiology-STUDENT-CONSULT-Online-Access/dp/145573733X

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Taxa de ataque (com 1 questão)


Fonte: http://professor-ruas.yolasite.com/resources/Aula4_b.pdf

Nos casos de doenças ou agravos de natureza aguda que coloquem em risco a população exposta
por um período limitado em área restrito, a incidência é chamada de taxa de ataque.

É aplicada aos surtos epidêmicos, ou seja, epidemias restritas. Refletem a descrição deste tipo particular de epidemia os eventos localizados de curta duração.


A taxa de ataque é definida como:

(número de pessoas em risco de desenvolver uma certa doença)
(número total de pessoas em risco)

Esta taxa é semelhante à taxa de incidência, que também é usada para doenças crônicas. A taxa de ataque pode ser específica para uma determinada exposição. Por exemplo, a taxa de ataque em pessoas que comeram um certo alimento é chamada de taxa de ataque específica por alimento, e é calculada por:

(número de pessoas que comeram um certo alimento e ficaram doentes)
(número total de pessoas que comeram um certo alimento)

Em geral, o tempo não é explícito na taxa de ataque, pois se sabe quanto tempo depois da exposição a maioria dos casos se desenvolveu. Dessa forma esse tempo não é muito diferente para cada um do conjunto dos expostos

Uma pessoa que ficou doente após uma exposição, por exemplo, a um alimento contaminado é chamado caso primário (ou caso índice). uma pessoa que adquire a doença pela exposição ao caso primário é chamada de caso secundário. A taxa de ataque secundária é, portanto, definida como a taxa de ataque em pessoas suscetíveis que foram expostas a um caso primário sendo uma boa medida de disseminação pessoa a pessoa depois que a doença foi introduzida na população. Usualmente calcula-se a taxa de ataque de ataque secundária em membros da família do caso índice.










Veja um exemplo de cálculo de taxa de ataque:





Esse é o primeiro passo para determinar qual o alimento (ou alimentos) envolvidos em um surto determinado, mas não é suficiente, pois precisaríamos saber qual a taxa de ataque entre aqueles que não comeram determinado alimento. Quando maior a diferença (taxa de ataque entre os que se alimentaram - taxa de ataque entre os que não se alimentaram), maior é a desconfiança de que a diferença positiva esteja associada ao consumo do alimento específico.

Contudo, a maior taxa de ataque é a para a salada de batata e, dentre os alimentos listados, já podemos desconfiar de que, se seu consumo esteve associado a uma maior taxa de ataque, deve ser um dos alimentos implicados no surto. Mas, ainda não temos certeza...
referência: http://www.amazon.com/Epidemiology-STUDENT-CONSULT-Online-Access/dp/145573733Xhttp://www.cambridge.org/de/download_file/211553/


--- Veja essa questão: 
Uma taxa de incidência, geralmente expressa como percentagem, quando aplicada em populações específicas por períodos limitados de tempo como nos surtos ou epidemias, é conhecida como:
A) Taxa ajustada
B) Taxa de ataque.
C) Taxa de mortalidade.
D) Taxa de densidade de incidência.
Comentário: fica clara a relação entre incidência, mais geral e taxa de ataque, mais específica.
Fonte: FUMARC / 2006 / Prefeitura de Belo Horizonte / Dentista - Área Cirurgião Dentista Epidemiologia