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segunda-feira, 4 de maio de 2015

Desenho de Estudo: estudo observacionais e estudos experimentais

Estudos Experimentais e Estudos Observacionais: breve comparação

O objetivo central da investigação epidemiológica é encontrar qual a causa de determinado efeito de eventos ligados à saúde de populações.

O experimento controlado, especialmente na ciência animal, é a forma mais direta e com menor viés de tentar buscar essa resposta. Sabe-se que viés é um erro sistemático na condução de um experimento.


Partindo de uma hipótese, o pesquisador que conduz o experimento faz acontecer uma ação (causa) no sentido de perceber qual a sua consequência (efeito). Idealmente, o pesquisador modifica a causa medindo o efeito enquanto, simultaneamente, controla todas as condições que podem afetar o efeito em estudo. 


Esta forma de controlar a causa permite concluir com maior grau de certeza que o efeito resultou da causa.

No estudo de uma relação de causa-efeito, o estudo experimental (ou experimento controlado) - que assume, em epidemiologia, as formas de ensaio clínico, ensaio de campo e ensaio comunitário - é aceita como padrão ouro no meio científico.

De fato, essa aceitação, quase universal, não ocorre por acaso. Todos os estudos epidemiológicos têm a sua origem nos conceitos de experimento natural. Quando o experimento é exequível, são realizados estudos experimentais; quando não pode ser feito o estudo experimental, é feita a opção por estudos observacionais para avaliar o que teria acontecido caso tivesse ocorrido tal experiência.

Por que um estudo experimental pode ser inexequível? Dado o envolvimento de seres humanos, o uso da experimentação, embora desejável, nem sempre é de execução razoável. Surgem questões éticas. 

Seria razoável submeter um grupo de pessoas à fome e não submeter outro grupo para estudar o efeito da fome sobre uma doença específica? Seria razoável designar um grupo de pessoas à poluição sonora e não submeter outro grupo para verificar algum efeito sobre a audição ou sobre algum transtorno mental? A resposta é claramente não. 

É nesta lacuna ética experimental que os avanços metodológicos da epidemiologia observacional cresceram nos últimos anos. Sobre questões éticas em estudos observacionais, leia, se desejar se aprofundar: http://www.portalbioetica.com.br/adm/artigos/epidemiologica_zoboli.pdf

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Entendido porque podem ser preferíveis estudos observacionais a outros, a grande questão acerca dos estudos observacionais versus experimentais refere-se a sua capacidade para demonstrar uma relação de causa-efeito. É necessário compreender o que são os vieses (erros sistemáticos) que estes estudos podem conter e que podem colocar em questão a sua própria validade interna.

Fonte: http://www.actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/download/3975/3223  



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