Exemplo:
Este exemplo é retirado e adaptado do seguinte sítio da internet:http://stat2.med.up.pt/cursop/print_script.php3?capitulo=desenhos_estudo&numero=6&titulo=Desenhos%20de%20estudo
Um investigador fez um estudo transversal para conhecer qual a prevalência de infecção por Clamídia na população. Além disso, o pesquisador desejava saber qual a relação da prevalência com o uso de anticoncepcionais orais.
Para isso, o investigador definiu a população em estudo, ou seja, a população-alvo, neste caso, as mulheres atendidas num determinado Serviço de Ginecologia de um Hospital Central. Em seguida, selecionou uma amostra de 200 mulheres.
Em seguida, o pesquisador escolheu as características que queria estudar através do registo da história de uso de anticoncepcionais orais no último ano. Realizou, também, swab vaginal para posterior exame microbiológico.
O pesquisador demorou cerca de 6 meses para examinar todas as mulheres pertencentes à amostra.
Os resultados obtidos foram:
- 100 mulheres apresentavam história de uso de anticoncepcionais orais no último ano, tendo 20 delas exames de cultura para Clamídia positivo; ou seja, das expostas ao uso de anticoncepcional, 20% apresentaram teste positivo (prevalência de 20%)
- 100 mulheres não tinham história de uso de anticoncepcionais orais, apresentando 10 delas exames de cultura positivos; ou seja, das não expostas ao uso de anticoncepcional, 10% apresentaram teste positivo (prevalência de 10%)
- 200 mulheres das quais 30 apresentaram teste positivo (prevalência de 15%)
Assim, a prevalência de infecção por Clamídia nessa amostra foi de 15%.
Há forte evidência de associação entre o uso de anticoncepcionais orais e a presença de infecção por Clamídia, com uma razão de prevalência (RP) de 0,20/0,10=2,0. Ou seja, a prevalência entre as expostas é o dobro das não expostas.
Neste exemplo encontra-se uma importante medida de frequência que é, caracteristicamente, encontrada em estudos transversais - a prevalência (de fato, este tipo de estudo é muitas vezes designado de "estudos de prevalência", conforme já mencionado).
No exemplo, encontramos, também, uma medida de associação - a razão entre a prevalência da doença nos indivíduos que possuem o fator em estudo (ou o fator de exposição) e a prevalência da doença nos que não o possuem, podendo, assim, ser, também, designado por razão de prevalência (RP).
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Vantagens do estudo transversal
fonte: http://stat2.med.up.pt/cursop/print_script.php3?capitulo=desenhos_estudo&numero=6&titulo=Desenhos%20de%20estudo
- mais rápidos, mais baratos, mais fáceis em termos logísticos;
- não são sensíveis a problemas como as perdas de seguimento e outros, característicos dos estudos longitudinais. Esta vantagem ficará mais clara a partir da descrição dos outros tipos de estudo.
- São mais facilmente generalizáveis do que outros. Isso também ficará mais claro a partir do estudo de outros desenhos de estudo.
Desvantagens
- A maior desvantagem dos estudos transversais está associada com a impossibilidade de estabelecer relações causais por não ser possível, por meio deste desenho, estabelecer a existência de uma sequência temporal entre exposição ao fator e o subsequente desenvolvimento da doença.
- Estes estudos são pouco práticos no estudo de doenças raras, uma vez que estas obrigam à seleção de amostras muito numerosas.
- Só se poder medir a prevalência, e não a incidência, tornando limitada a informação produzida por este tipo de estudos quanto à história natural das doenças e ao seu prognóstico.
- São susceptíveis aos chamados vieses de prevalência/incidência que acontecem quando o efeito de determinados fatores relacionados com a duração da doença é confundido com um efeito na ocorrência da doença. Por exemplo, num estudo realizado na década de 1970 encontrou-se uma grande frequência de antigénio linfocitário humano A2 (HLA-A2) entre crianças que sofriam de leucemia linfocítica aguda (LLA) e os investigadores concluíram que as crianças com este tipo de HLA tinham um risco aumentado de desenvolver esta doença. Estudos subsequentes demonstraram, contudo, que o HLA-A2 não era um fator de risco para o desenvolvimento da LLA, mas sim, um fator que estava associado a um melhor prognóstico em crianças com esta doença. Assim, a maior sobrevida dos doentes com HLA-A2 fazia com que na amostra de doentes do estudo transversal houvesse uma maior probabilidade de encontrar doentes com este tipo de HLA em comparação com os outros tipos. Observou-se, assim, que uma aparente maior incidência era na realidade o efeito de uma maior prevalência em decorrência de um melhor prognóstico.
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